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Como Steve Ballmer será lembrado pelo mercado de tecnologia?

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Steve Ballmer, o CEO da Microsoft, anunciou hoje um plano para se aposentar nos próximos 12 meses. A notícia animou o mercado: enquanto este post é escrito, as ações da Microsoft vão se valorizando 6,75%. Quando as ações da empresa que você comanda sobem com a notícia da sua saída, uma certeza você pode ter: há muita gente que não confia no seu trabalho. É o caso de Ballmer, sob pressão há tempos. Uma olhada no gráfico abaixo explica muito bem o porquê da desconfiança. Quando Baller assumiu como CEO, em janeiro de 2000, a Microsoft lucrava vendendo o sistema operacional Windows e o pacote corporativo Office. Treze anos depois, isto não mudou. Mesmo com tempo e, principalmente, dinheiro, Ballmer não foi capaz de encaixar a Microsoft em nenhuma das tendências tecnológicas que se seguiram (redes sociais, mapas, buscas, smartphones, tablets…). Foi “a década perdida”, segundo reportagem da Vanity Fair sobre a incapacidade gerencial de Ballmer. Sob sua batuta, o valor de mercado da Microsoft encolheu 33%, enquanto a Nasdaq caiu 10%.

Duas notícias recentes, ambas saídas do balanço financeiro do trimestre entre abril e junho, têm relação com a queda. A primeira é que o Surface, o tablet desenvolvido pela Microsoft, vendeu abaixo do esperado e deu um prejuízo de 900 milhões de dólares. A segunda é que, pela primeira vez, a anunciada queda na procura por desktops e laptops em favor de smartphones e tablets prejudicou os resultados da Microsoft.

O plano traçado por Ballmer para dar uma posição minimamente relevante no setor é baseada em dois pilares: um novo sistema operacional que sirva a desktops e a tablets e uma parceria com a Nokia. Lançado em outubro do ano passado, o Windows 8 já pode ser encarado como um bom primeiro passo, mas está longe de ameaçar Apple, Samsung, Google e afins. O Windows Phone responde por só 3,1% dos sistemas operacionais móveis, contra 16,6% do iOS da Apple e 79,3% do Android do Google, segundo a consultoria IDC. O plano de Ballmer é bom, mas vai demorar mais que dois anos para salvar a Microsoft.

É um abacaxi gigante que seu sucessor vai ter que descascar. Há outro problema aqui: nos últimos anos, todos os possíveis sucessores saíram da Microsoft por uma guerra de poder comandada pelo próprio Ballmer, segundo o relato de fontes dentro da empresa à Reuters. Robbie Bach, o responsável por fazer do Xbox um sucesso financeiro. Steve Sinofsky, o homem à frente da divisão de Windows no lançamento das versões Vista (uma das piores do sistema) e 7 (a correção rápida dos erros do Vista). Ray Ozzie, o sucessor de Bill Gates escolhido pelo próprio Gates. Stephan Elop, responsável pela divisão de Office entre 2008 e 2010 (e hoje presidente da Nokia). Kevin Johnson, presidente da divisão de Windows entre 2003 e 2008. Todos partiram e Ballmer eliminou possíveis ameaças ao seu poder dentro da Microsoft. Mas a que preço?

A busca do novo CEO será feita por um comitê dentro da Microsoft, composto, entre outros, por Bill Gates. Há quem defenda que, sem mudar o conselho, trocá-lo não vai mudar em nada a estratégia da Microsoft. Faz sentido. Foi mais ou menos o que aconteceu com o Yahoo: a empresa só voltou aos trilhos quando Marissa Mayer assumiu e o conselho de administração foi completamente reformulado.

É inegável que Ballmer teve um papel fundamental na dominação que a Microsoft exerceu do mercado de desktops a partir de década de 80. Colega de dormitório de Bill Gates em Harvard, Ballmer foi o 30º funcionário da Microsoft e vende o Windows desde sua primeira versão. Mas sua saída é melancólica. Seus erros, principalmente a demora em reagir à ascensão de tablets e smartphones, deverão ser mais lembrados no futuro que suas investidas corretas, como o Xbox ou o Kinect, por exemplo. Há, porém, outra faceta pela qual Ballmer também será lembrado: a do executivo fanfarrão, que saracoteia com a camisa empapada de suor em uma conferência para funcionários (se você ainda não viu, leitor, um aviso: é uma imagem que vai grudar na sua retina e não de uma maneira boa) e ri do lançamento do iPhone (hoje, só a divisão de celulares da Apple é maior que TODA a Microsoft).

Independente da faceta de Ballmer a ser lembrada, tenha a certeza: as duas não são nem um pouco lisonjeiras.


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